A Lenda do Herói é um jogo brasileiro, criado pelos Castro Brothers, famosa dupla de irmãos produtores de conteúdo no Youtube, e desenvolvido em parceria com o Estúdio Dumativa. O game retrata, por meio de música regada a trocadilhos que tiram sarro dos maiores clichês do mundo dos jogos, as aventuras de um guerreiro em busca de sua princesa perdida. Agradecemos imensamente à Dumativa e aos Castro Brothers por ceder uma cópia do game para tornar esta análise possível, portanto aqui vão minhas opiniões sobre este que é um dos maiores jogos brasileiros já criados.
Antes de mais nada, é preciso explicar de onde surgiu a ideia do jogo, onde foi que isso tudo começou. Marcos Castro, um comediante, músico e também gamer, produziu, junto de seu irmão Matheus Castro, uma série de vídeos parodiando os jogos de plataforma com fundo musical e letras cheias de piadas, que narravam as ações do jogador, tirando sarro da falta de lógica de alguns conceitos implementados na maioria dos jogos desse tipo, especialmente os mais antigos da era 8 bits.
Os vídeos, que mostram o que seriam as fases de um jogo, com o personagem saltando entre plataformas flutuantes e enfrentando criaturas, enquanto, na voz dos Irmãos Castro, uma música tocava narrando toda a movimentação do personagem, foram tão bem produzidos, que os fãs dos Irmãos Castro começaram a pedir que aquilo se tornasse realmente um jogo. Chegou ao ponto em que o jogo recebeu apoio financeiro, por meio de campanha de crowdfunding, tornando o projeto possível e então o jogo foi concebido.
A Lenda do Herói seria meramente um platformer genérico como qualquer outro, itens para coletar, inimigos para derrotar e poderes para manifestar…não fosse pela mecânica que guia os passos do jogador e recheia toda a jogabilidade enquanto as fases são exploradas: a música.
Sim, a música é a mecânica central de A Lenda do Herói. Cada fase, dividida em dois ou três atos, tem uma trilha sonora que é acompanhada por estrofes cantadas pelos Irmãos Castro que entre outras coisas:
- Narram de forma divertida o que o jogador está fazendo atualmente;
- Dão dicas ao jogador sobre como prosseguir ou como resolver um puzzle;
- Tiram sarro de clichês típicos de outros platformers, como o fato da pedaços de chão flutuarem, nuvens serem sólidas o suficiente para sustentar o peso do jogador, inimigos deixarem moedas quando derrotados, ou o fato do jogador precisar sempre seguir à direita para progredir na fase;
- Fazem piada com o fato de o jogador ter caído num precipício, ter tomado dano de um inimigo, ou ter perdido muita energia;
A letra da música vai sendo montada baseado em um sistema que organiza as estrofes proceduralmente, de acordo com o local onde o jogador está ou o item que o jogador pegou, de modo que jogar duas vezes o mesmo ato dificilmente resultará na mesma música sendo ouvida.
Enquanto sua jornada é narrada pelas músicas, grandes áreas repletas de todos os tipos de inimigos possíveis, desde cobras cuspidoras de fogo até orcs de armadura, devem ser percorridas de maneira linear, mas os ambientes do jogo são um convite à exploração. Cada local tem uma determinada quantidade de itens colecionáveis, que inclusive são necessários para fechar o 100% do jogo.
Conforme avança pelo jogo, o protagonista ganhará diferentes poderes que vão dando acesso a áreas secretas dos locais do jogo, e à tradição dos jogos que o inspiram, também é possível encontrar itens que aumentam a energia do jogador. Também é possível retornar a todos os atos de todas as fases afim de coletar algum item perdido ou destravar uma passagem secreta usando um poder novo.
O objetivo final do jogador é derrotar o Terrível Vilão, e resgatar a Princesa, mas para isso, derrotar chefes pelo caminho será necessário. Cada fase tem um chefe, e cada um deles requer uma tática diferente para derrotar. Os chefes de A Lenda do Herói frequentemente parodiam os jogos clássicos do gênero, ficando vermelhos e enfurecidos quando perdem muita energia, passando a atacar de maneira mais agressiva, e tomando dano apenas enquanto atordoados pela ação do jogador.
O game é lotado de piadas e referências a memes e outros jogos. No jogo é possível encontrar a Cachoeira de Selocco, o Monte Friaka, a Pirâmide Thelekhs ou até mesmo a Tumba Lah Kathûmbah. Um dos chefes do jogo é inclusive uma referência direta ao Storm Eagle, um dos 8 robot masters de Megaman X, do SNES.
Visualmente, A Lenda do Herói é um deleite para os olhos dos que gostam do estilo pixel art 2D. Todos os cenários são construídos à moda dos grandes clássicos do gênero, mas com um nível de detalhe enorme, e os sprites animados também são muito detalhados e bem feitos. Apesar da aparência simples, a engine do jogo permite efeitos avançados de luz, contribuindo inclusive para alguns elementos de gameplay em certas fases.
Quanto ao desempenho, sinceramente…esse jogo deve rodar até numa torradeira. O game é demasiado leve, e não requer hardware top de linha para funcionar numa boa. Rodou muito bem em minha rig mobile.
A Lenda do Herói está disponível para PC (Windows, Linux e Mac OS).
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