E se cada momento marcante da sua vida se transformasse numa fase de vídeo game com arte 3D graciosa? Essa é a proposta de Arise – a simple story, desenvolvido pelo estúdio espanhol Piccolo, distribuído pela Techland (Dying Light, Call of Juarez Gunslinger) e lançado em dezembro de 2019 com tradução integral para português brasileiro.
Em meio a uma pandemia mundial e o consequente isolamento social voluntário, eu e mozão resolvemos aproveitar o modo cooperativo de Arise: A Simple Story. Logo embarcamos numa jornada cujas primeiras cenas mostram o protagonista em seu próprio funeral, sendo queimado de forma honrosa numa cerimônia viking. A seguir, ele é enviado para uma espécie de limbo, no qual revisita as memórias que definiram sua história.
Sem dúvidas, o primeiro aspecto marcante do título é a arte: a modelagem 3D é lindíssima. Enquanto eu era o homem sem nome a ser acompanhado desde a infância, meu namorado influenciava diferentes aspectos das fases, do frio que fazia a neve mudar de altura a ventos fortes que arrancavam enormes pedregulhos das montanhas e tornavam nosso avanço possível.
Assim, é necessário passar por trechos de plataforma e puzzles relacionados ao poder de manipular o ambiente, ajudando o herói a atravessar os níveis. A experiência é totalmente possível no modo singleplayer: o modo cooperativo parece mais um bônus. Por vezes o jogador 2 fica apenas aguardando sua vez de colaborar, o que pode ser um pouco entediante.
Não há dificuldade ou punições por errar – Arise: A Simple Story é uma aventura casual. Entretanto, a maior crítica que tenho quanto à jogabilidade é que ela é desajeitada de vez em quando. Os pulos do protagonista não são confiáveis, então morri várias vezes por essa razão. Foi engraçado errar saltos bobos, mas ao mesmo tempo os passos lentos e a física do jogo podem ser frustrantes para os mais impacientes.
Quanto à história, é notável que os cenários variam bastante, com temáticas que permeiam todas as mecânicas e detalhes. Quando foi vez do amor, o protagonista flutuou com a corrente de vento e a trilha sonora completou a sensação de animação da Disney. Outro trecho que me marcou está ilustrado abaixo – enquanto minha dupla movia o sol no mapa, os girassóis a perder de vista o acompanhavam, formando uma trilha até a montanha a ser alcançada.
Seguindo essa lógica, da metade para o fim alguns fatos trágicos ocorrem, e as cores que tomavam a tela num primeiro momento são substituídas pelo cinza do luto. A natureza brilhante dá lugar a figuras que remetem ao medo, tristeza e raiva, seja por assombrações, lava espalhada pelo chão ou tempestades furiosas.
Não sei se o isolamento social tem a ver com isso, mas conforme o enredo assumiu um tom mais sério, também perdeu um pouco da magia de início. Talvez minha tolerância à tristeza esteja prejudicada, mas a impressão que ficou foi de que os capítulos finais ficaram mais arrastados e amargos do que eu gostaria.
Há um momento muito tocante no qual tentamos movimentar o herói e ele cambaleia, caindo de joelhos, tomado pela melancolia. Há muitas metáforas belas no decorrer da jornada, bem como mecânicas que são constantemente renovadas – o design das fases é meticuloso.
Além disso, colecionáveis espalhados pelo mapa fornecem cenas desenhadas à mão e incentivam a exploração dos recantos do mundo, enriquecendo a jogabilidade com a procura de caminhos alternativos. Existem conquistas com puzzles próprios, estendendo o gameplay original que dura por volta de 3 horas.
No fim das contas, Arise: A Simple Story contempla a beleza de uma narrativa envolta em simbologias e transmite sua história com competência. Mesmo que o modo cooperativo não seja uma experiência tão completa, ainda assim foi uma boa jornada a ser percorrida. Se você se encanta facilmente pela estética e procura um jogo mais artístico que desafiador, com certeza vale a experiência.
Arise: A Simple Story está disponível para Computador, PlayStation 4, Nintendo Switch e Xbox One.
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