Maldições cunhadas a ódio, uma cidade rural excomungada e personagens extravagantes: apresento-lhe a trindade que constitui e sustenta sua essência, circundada por ação, mistério, química entre corpos e extroversão. Publicado pela NekoNyan e pela HIKARI FIELD no ano de 2020, produzido pela Yuzusoft, desenvolvedora famosa no Japão, Senren * Banka tem a mesma logística de uma boa peça teatral, estreada com intérpretes competentes num palco montado com elementos rústicos e em terreno tradicional. No entanto, capenga por ter uma história pobre, pouco profunda e de potencial inexplorado, apesar de ser agradável e divertida.
Após certo tempo distante, Arichi Masaomi, a mando de sua mãe – e controverso à ideia -, é encaminhado para Hoori a fim de visitar e assistir o avô, cuja pousada é renomada localmente. Passada a extensa viagem, firmando seus pés em solo familiar, esse pacato território, misterioso e levemente sobrenatural, desgostoso para suas circunvizinhanças, começa a supurar sua cultura. Dentre suas variadas práticas e fábulas, que rendem visitas perenes e constantes ao longo do ano, há um desafio secular que se mantém implacável: empunhar Murasamemaru.
Localizada no santuário da cidade, ela é a espada lendária que está incrustada com artes divinas num enorme bloco rochoso. Estando a par da tradição, e objetivando honrar seu austero avô, o protagonista agarra a tentativa. Contudo, a conclusão presumível não efetivou resultados de proporções épicas tal como ocorrera com Artur na popular história britânica, pois Murasamemaru foi partida ao meio. Mas, para espalhafato quase geral, a expectativa de Masaomi – um calvário eterno – não rimou com a consequência de seu ato profanador: agora ele está predestinado a se casar com Yoshino, a princesa do santuário.
Acessáveis através de encruzilhadas, salvo a rota comum, Senren * Banka dá importância graúda ao romance ao se optar por uma de suas seis rotas principais ou duas secundárias. Aparentando superficialidade, a trama, uma vez concluída, prova-se mais satisfatória do que em seu minar de águas. Um enredo clichê, mas de tino: brinca, satiriza algumas conjecturas, ditos e fatos. Os seus personagens, que contêm personalidades fortes, sobressaltam a história. Sem esses viventes, seria um suplício para o jogador ter que lidar com o tempo médio de jogatina; só que atribuir somente a eles esse feito é uma enorme injustiça, porque a direção narrativa é boa e não se acorrenta a despropósitos.
A outra banda dessa visual novel, o espinhaço audiovisual do jogo, é maravilhosamente linda. A casuística escolha dos elementos que compõem o plano de fundo, a gesticulação e o semblante dos personagens e as animações, em linhas gerais, exprimem uma qualidade incomum – as ilustrações feitas em estilo chibi, inclusive, são bem fofas.
Ademais, os cenários e vestimentas dos personagens remontam ao Japão tradicional, enquanto a composição da trilha sonora – orquestrada com instrumentos nipônicos, como o koto, shamisen, kaito, etc – reforça com vigor essa tendência. Por fim, é vital mencionar que as legendas estão disponíveis em quatro idiomas e a dublagem em japonês, mas não há qualquer adaptação para o português. Marca presença também uma miríade de opções de customização de texto e de atalhos, assim como um útil fluxograma.
Senren*Banka está disponível exclusivamente para PC.
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