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Half-Life 2: a epopeia de um singelo nerd

por Neco
Publicado em Atualizado em 5 minuto(s) de leitura
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Apresentando-se como um dos first-person shooters mais icônicos da Valve, lançado em 2004, Half-Life 2 é a continuação direta de seu antecessor e que subverteu de uma maneira sem precedentes, tanto ou mais que o primeiro, os padrões de qualidade estabelecidos naquele início da década. A utilização da nova engine Source, que é uma modificação do motor Havok, assim como a adoção de um sistema de combate aperfeiçoado, impressionam e entregam um nível de realismo incrível; verossimilhança esta que agregada à narrativa focada em ficção científica, transparecendo também um ótimo desenvolvimento, soerguem Half-Life 2 como um dos melhores jogos do gênero em questão.

A história segue um trajeto linear e não há quaisquer formas de alterar os acontecimentos de impacto presentes no jogo. Aqui, o imponente protagonista do título anterior, Gordon Freeman, que é um elementar cientista, também é o nosso personagem de controle. Sob a ótica dele, somos despertos, no início do jogo, pela visão de um homem misterioso enquanto subitamente nos deparamos a bordo de um trem rumo à chamada Cidade 17. Chegando lá, e partindo da premissa de uma sociedade totalmente distópica que é liderada por um ditador mentiroso e duas caras (Dr. Wallace Breen), cabe ao herói de Black Mesa, mas com a ajuda de seus antigos companheiros, salvar o planeta Terra da ameaça alienígena Combine, que aos poucos está dominando a raça humana, exaurindo todos seus recursos naturais e intoxicando a atmosfera de forma prejudicial ao desenvolvimento da vida.

Half-Life 2

Freeman é um homem de poucas palavras (ou nenhuma no caso): ele não fala nem se expressa durante toda a campanha jogável. Sua postura taciturna confere grande maleabilidade à interpretação especulativa de seus pensamentos, emoções e também de seus valores intrínsecos como ser humano. Acima de tudo, essa austeridade proporciona ao jogador uma enorme sensação de empoderamento, domínio e segurança defronte diversas situações. Desta forma, como produto quase inegável da construção particular de sua personalidade, surge a criação do perfil de um personagem que é espetacularmente respeitável. Porém, seus demais personagens de destaque não ficam para trás. Eles são sérios, bem animados e por vezes até cômicos e irônicos, o que cativa o jogador: faz com que você se interesse genuinamente por tais personagens, assim como pelo enredo, e passe a considerá-los únicos.

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Sua ótima execução tem como relevo principal a sua física. Em um dado sistema, cada corpo tem sua respectiva massa que, quando esta interage com a gravidade circunstancial, resulta em um peso diferente e único. O peso, por sua vez, dependendo da análise experimental, é sujeito às diversas forças naturais que estão, de fato, presentes em nosso cotidiano: a resistência do ar e a fricção, por exemplo, além da já disseminada força gravitacional. Peculiaridades como essas conferem naturalidade às cenas e permitem a elaboração de estratégias diversas em meio à ação constante.

Talvez algumas interações soem um pouco surreais demais, visto que há uma arma de manipulação de gravidade, mas ela também respeita tudo o que foi postulado anteriormente como molde universal para fins de inércia, dinâmica e ação e reação. Assim, é inquestionável concluir que a Valve realizou um excelente trabalho investindo nesses detalhes que se pareiam com o que é proposto tematicamente pelo jogo.

Temos à disposição um arsenal limitado, mas interessante: metralhadoras, escopeta, pistola, revólver, lança-foguetes, arma de gravidade, besta, algumas granadas, uma isca de insetos e o famoso pé-de-cabra. Os embates funcionam bem no campo de batalha devido à precisão excelente das armas, mesmo não havendo uma mira telescópica e um ataque corpo-a-corpo rápido, o que seria útil para certas ocasiões. Também há veículos para serem manobrados, estes são versáteis e dotados de um controle decente, sendo divertidos de se manejar.

No mais, a inteligência artificial é ótima e também adaptativa de acordo com o meio ambiente e biotipo do adversário (um zumbi não irá se assemelhar ao comportamento de um soldado, por exemplo). Os aliados sempre fazem o possível para não entrarem na sua linha de fogo e visão, além de fornecerem constante auxílio; e alguns inimigos se comunicam entre si e adotam posturas variadas, enquanto outros seres nocivos podem até mesmo superar barreiras naturais impostas pelo jogador para chegar até o mesmo.

Half-Life 2

Os gráficos, para seu tempo, proporcionam um elevado grau de realismo jamais visto antes na indústria. As condições de submissão e fraqueza da humanidade são bem evidentes ao longo de todo o jogo, pois sua configuração estrutural e ecossistemas são voltados para um meio claramente minguante e decadente. Seus ambientes constituídos por uma paleta voltada para cores mais mortas e sistemas contendo pouca vegetação exploram desde galerias de esgoto, perscrutando locais sombrios, prisões e ruínas, até fortificações tecnológicas e outros cenários, embora não sejam exploráveis de forma significativa. 

Seus modelos de personagens são bem feitos e a plasticidade de seus músculos faciais resultam em expressões orgânicas e dignas de reverência, minúcia essa que preenche os personagens com um enorme fulgor de vida. Mencionando a parte gráfica, a sonoplastia também é indispensável para a arquitetação da atmosfera presente. Contendo várias faixas memoráveis que estão pulsando em um ritmo inquietante, sempre repletas de ação ou suspense.

Half-Life 2

Embora até o momento tenha se mostrado quase como impecável em convergência de fatores promissores, Half-Life 2 também apresenta bugs tênues: física incoerente, objetos que desaparecem e aparecem na frente do jogador, delay de renderização e IA desligada. Não é nada que ocorra com muita frequência e atrapalhe a experiência e o progresso do jogador, podendo alguns desses inconvenientes serem bem engraçados. Do outro lado da moeda, o desempenho do jogo é fruto de uma otimização ímpar; não presenciei queda de frames nem exigência alta de processamento, ainda que seja um jogo aceitável para os padrões atuais.

Half-Life 2 está disponível para PC, Playstation 3, Xbox 360, Xbox e dispositivos Android portando NVIDIA SHIELD.


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