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Sayonara Wild Hearts: partindo corações a 300 km/h

por Marina M.
Publicado em Atualizado em 6 minuto(s) de leitura
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Um jogo que é tão álbum pop quanto uma aventura psicodélica. Desenvolvido por Simogo (estúdio sueco de duas pessoas) e distribuído pela artística Annapurna Interactive (Gorogoa, What Remains of Edith Finch), Sayonara Wild Hearts foi lançado em setembro de 2019 com tradução para português brasileiro, com exceção da dublagem.

Sayonara Wild Hearts

Existem jogos tão impressionantes que é difícil saber por onde começar a análise. Sayonara Wild Hearts se encaixa facilmente nessa categoria – demorei mais de um mês para saber o que dizer.

Aqui, ou numa cidade muito parecida com a sua, uma jovem tem sua alegria roubada por um coração partido violentamente. Sua mágoa é tão profunda que ecoa através do tempo e espaço, alcançando um universo além do nosso. Dessa forma, ela é eleita misticamente para salvar mundos, batalhando contra divindades arcanas ao passo de uma ótima trilha sonora. Após uma transformação sailor moonesca, passos de ballet e perseguições em alta velocidade definem o tom de uma jornada que merece ser jogada várias vezes.

Sayonara Wild Hearts

As mecânicas que compõem Sayonara Wild Hearts são simples: os níveis são divididos a partir das faixas do álbum, com temática relacionada a cartas de tarô. Os controles são igualmente simples, consistindo basicamente em mover-se para os lados evitando obstáculos e apertar um único botão ao ritmo da música. Por outro lado, a composição das fases é intrincada, cheia de detalhes e com um trabalho cinematográfico incrível.

Digo isso porque a primeira coisa que impressiona no título é o jogo de câmera. Por mais lineares que os níveis sejam, a perspectiva através da qual são explorados muda rapidamente: a câmera em primeira pessoa de repente acompanha o movimento da protagonista de forma lateral, e quando você se dá conta está desviando de tiros ao fundo da imagem. Somando esse movimento à trepidação do controle ao se desviar velozmente de obstáculos, o resultado é uma imersão empolgante. Aliás, fone de ouvido e controle são equipamentos obrigatórios para aproveitar a experiência ao máximo.

Sayonara Wild Hearts

Para conseguir pontos, é necessário coletar corações e pequenos emblemas. Quanto menor o intervalo de tempo entre a coleta, maior a pontuação adquirida. Às vezes é necessário jogar a mesma fase mais de uma vez para entrar nas bifurcações corretas e maximizar a pontuação, ou mesmo completar enigmas que o jogo fornece à parte, com pequenas missões que concedem conquistas (como pausar um determinado nível 12 vezes antes de completá-lo).

A duração de uma primeira run demora cerca de uma hora. Porém, garanto que você não vai se contentar com apenas uma passagem pelas fases. Várias vezes só me dei conta de caminhos alternativos após jogar uma música mais de uma vez, ou fiquei morrendo várias vezes em um trecho até entender como fazer o combo da forma correta.

Sayonara Wild Hearts

Aliás, morrer muitas vezes num trecho não interfere na sua pontuação – inclusive, o jogo dá a opção de que você pule trechos em que estiver perdendo muitas vezes, uma medida amigável para quem não quiser se sentir frustrado. Quanto a dificuldade, acho difícil classificá-la. Passar os níveis é fácil, mas a complexidade das fases incentiva que você tente várias vezes para apreciar a música e entender o caminho a ser percorrido com maior bônus.

De forma geral, Sayonara Wild Hearts absorve o jogador. A trilha sonora é maravilhosa, bem como a história contada, que aposta em pequenas narrações e uma avalanche de informação visual. Num dos meus níveis favoritos, a antagonista é cortada ao meio, se dividindo em duas – uma de máscara branca e outra de máscara preta. A seguir, elas flutuarão a sua frente estralando os dedos, e os obstáculos e colecionáveis mudarão de lugar no ritmo da música. É ridiculamente engenhoso, e me deixou completamente encantada.

Sayonara Wild Hearts

Existem também momentos de bullet hell dentro de um óculos de realidade virtual, bem como viagens causadas por drogas alucinógenas. Cada faixa tem características únicas, renovando a jogabilidade e as metáforas amorosas. Como apreciadora de contos de fantasia (estou pensando em Coisas Frágeis, de Neil Gaiman), acho incrível quando o enredo é tão rico que abre espaço para diversas interpretações. É o que acontece aqui: pouquíssimas palavras e uma avalanche sensorial arrebatam o jogador para um universo tão psicodélico quanto palpável.

Acredito fazer parte da experiência humana ter seu coração partido. Por vezes, me senti melancólica ao erguer minha espada e apunhalar minhas inimigas. Por mais efêmeros que sejam, todos os relacionamentos têm sua própria dança, sua própria jornada de perdas, aprendizados e surpresas. Jogando Sayonara Wild Hearts me senti dividida entre uma criança impressionada com o espetáculo visual e uma jovem adulta levemente nostálgica pelos desencontros causados pelo amor.

Sayonara Wild Hearts está disponível para Playstation 4, Nintendo Switch, Computador e Apple Arcade.


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