Página Inicial Análises Análise de Lost Records: enfrentando os fantasmas do passado.

Análise de Lost Records: enfrentando os fantasmas do passado.

por Leandro Gomes Zavan
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Lançado em 18 de Fevereiro, Lost Records foi dividido em duas partes, tendo sua segunda metade lançada 15 de Abril. O jogo se passa em 2022 e nele acompanhamos Swan, uma mulher que após um misterioso evento decide se reencontrar com suas amigas de infância para enfrentar os fantasmas do passado. O jogo fica intercalando entre o presente e passado, mais especificamente 27 anos no passado, aos poucos vamos aprendendo mais sobre os personagens e seus dramas conforme essas memórias são confrontadas.

Lost Records

Para fins comparativos, o jogo tem uma pegada extremamente parecida com a do filme Stand By Me (1986), sendo majoritariamente uma história sobre amizade e amadurecimento. Lost Records entrega um sentimento bem forte de nostalgia, mas não tenta em momento algum maquiar a parte problemática do passado, ela aborda respeitosamente questões como bullying e pautas LGBTQ+, A separação em capítulos acaba separando a narrativa em dois momentos, a fita 1 foca majoritariamente na apresentação dos personagens, desenvolvendo organicamente os laços entre as amigas, já a fita 2 se concentra mais em nos das respostas sobre o mistério que serve de pontapé inicial para a narrativa.

Dada a estrutura de lançamento do jogo, acho coerente separar a análise em 3 momentos, Fita 1, Fita 2 e análise geral (onde serão tratadas questões de gameplay e afins).

Análise Geral de Lost Records

Logo nos primeiros segundos já podemos perceber que a DON’T NOD investiu pesado na direção de arte do jogo, a trilha sonora é composta por músicas extremamente agradáveis e os gráficos são lindos, sendo discutivelmente mais bonito até que o primeiro Life is Strange. Tudo relacionado com a apresentação do jogo soa aconchegante e nostálgico, o gráfico segue um meio termo de realismo e estilizado,

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Lost Records fica transacionando entre presente e passado, entregando aos poucos as peças do “quebra-cabeça”. A abordagem narrativa gera situações interessantes, logo depois de conhecermos os sonhos e ambições das personagens, é mostrado logo em seguida no que isso resultou, essas e outras questões são discutidas dinamicamente entre as personagens. O único problema dessa transição de épocas fica por conta da problemática central da narrativa, o pacote misterioso, demora bastante até aparecer algo que aparenta ter ligação com o objeto e na prática, boa parte dos flashbacks acabam ficando com um semblante forte de filler.

A gameplay de Lost Records não se destaca muito, você basicamente anda, interage com objetos e escolhe opções de diálogos. Uma singularidade interessante do jogo fica para os diálogos desbloqueáveis, algumas opções de respostas são destravadas quando você olha para um ponto de interesse (objetos, pessoas e afins), tornando algumas conversas um pouco mais dinâmicas, além de induzir o jogador a prestar mais atenção nos cenários. Infelizmente, mesmo tendo escolhas, no fim do dia as escolhas não afetam a narrativa diretamente, elas só implicam no quão boa será sua relação com as personagens, tendo até a opção de romance.

Fita 1

A fita 1 de Lost Records segue um ritmo bem lento, ela apresenta o plot cedo, mas 90% dela foca em apresentar as personagens e trabalhar a relação entre elas. Podemos resumir a primeira metade do jogo em apenas garotas se divertindo, a vybe é bem aconchegante, mas senti que a questão do pacote ficou um pouco apagada, sendo abordada para valer apenas na reta final para virar um clif hanger.

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A primeira metade do jogo tem como proposito apresentar os personagens e suas dores, preparando terreno para as questões que vão ser abordadas na reta final do jogo. Contudo, senti que algumas escolhas poderiam ter sido feitas para tornar todo esse processo de conhecer as personagens mais dinâmico e com tom menos tangente ao mistério central da narrativa.

Fita 2

O lançamento da Fina 2 foi um pouco problemático, vários bugs visuais, conquistas bugadas e até mesmo a possibilidade de dar softlock em certos momentos, felizmente já saíram atualizações que resolvem grande parte desses bugs. Ainda sim, tais problemas acabou manchando um pouco a imagem do jogo para aqueles que jogaram no lançamento (meu caso).

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Após uma revelação bombástica, as coisas mudam de tom, a Fita 2 da mais holofote para as garotas do presente e na luta delas para enfrentar os fantasmas do passado. Pelo meu entendimento, a sua relação com as personagens, junto de certas escolhas, podem influenciar a forma que elas decidem lidar com o problema, mas a influência disso aparenta ser bem sutil. A parte final de Lost Records também mostra um pouco mais dos elementos mitológicos presentes na narrativa, usando-os como respostas para algumas perguntas ao mesmo tempo que cria novos questionamentos.

Enquanto a Fita 1 de Lost Records tem uma pegada mais leve e aconchegante, a Fita 2 tem um semblante mais melancólico por conta dos temas abordados, mas ainda se mantendo reconfortante dentro do possível. A reta final é bem interessante, mas eu particularmente achei o final previsível e acabou me gerando um sentimento de indiferença, achei inconclusivo e não me instigou reflexões a respeito.

Conclusão

Minha crítica a fita 1 é que o ritmo da narrativa acaba sendo lenta e monótona, além de soar um pouco desprendida do plot apresentado pelo jogo. Contudo, a primeira metade de Lost Records prepara muito bem o terreno da Fita 2, que por sua vez acaba equilibrando a balança, introduzindo novas problemáticas que dão volume para a narrativa. O lançamento em capítulos, ao meu ver, foi prejudicial para a experiência do jogo uma vez que ambas as partes são complementares em vários sentidos.

Lost Records é um jogo muito bonito e tem uma pegada bem parecida com Life is Strange, fica claro a intenção do estúdio em replicar a fórmula, mas para a infelicidade dos órfãos de LiS, não acho que Lost Records vá tapar esse buraco. A história é interessante, mas apresenta alguns problemas de ritmo e foco, além de entregar um final que deixa a desejar. Um contraponto é que o jogo é uma experiência muito agradável, joga-lo aos poucos foi, de certa forma, terapêutico, os personagens, visuais e trilha sonora foram muito bem feitos!

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Levando em conta a precificação atual da indústria de jogos, apesar dos apesares, Lost Records é um jogo bem barato para o que ele entrega, sendo assim uma ótima aquisição. O jogo está disponível para Playstation 5, Xbox Series S | X e PC via Steam.

Clique aqui para conferir mais análises feitas pela equipe do Magnaway!


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