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Análise de Metaphor: ReFantazio, apenas um Persona 5 medieval?

por Leandro Gomes Zavan
Publicado em Atualizado em 10 minuto(s) de leitura
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Uma breve introdução ao mundo de Metaphor: ReFantazio

Metaphor: ReFantazio é ambientado em um mundo medieval com alguns elementos tecnológicos, mais especificamente, o jogo se passa em um lugar chamado Euchronia. No mundo de Metaphor, a magia é resultado de uma energia chamada magla, que por sua vez é gerada pela ansiedade das pessoas e pode ser canalizado e transformado em “energia”, de certa forma. É necessário o auxílio de alguma arma ou artefato para o uso de poderes mágicos, mas tal condicional pode ser “burlada” por aqueles que despertaram seu arquétipo [que é basicamente uma Persona]. Além de magia e entidades similares às personas, o jogo também conta com criaturas estranhas chamadas de humans, que, inclusive, tem seu design inspirado pelas pinturas de Hieronymus Bosch.

Arquétipos

São, de certa forma, a personificação do espírito de batalha da pessoa, sendo conceitualmente similares aos Stands de JoJo e as Personas. No mundo de Metaphor, as diferentes facetas dos arquétipos podem ser despertadas ao se criar vínculos com pessoas cujo aspecto da personalidade se assemelhe a certa linhagem de arquétipo, ou seja, melhorando a amizade com certos NPCs. O jogo conta com 14 linhagens diferentes, sendo que cada linhagem tem em média 3 arquétipos, totalizando mais de 40 arquétipos diferentes.

Cada arquétipo tem suas próprias individualidades, resistências e fraquezas, suas respectivas evoluções são obtidas conforme são usadas em combates e após o fortalecimento de laços com algum portador da linhagem a qual o arquétipo pertence. A escolha do arquétipo principal pode ser alterada livremente, vale lembrar que durante o combate certos arquétipos podem fazer ataques combinados junto de algum aliado. A escolha do arquétipo também altera a arma utilizada pelo protagonista, mudando certos golpes e vantagens no combate livre.

Os arquétipos de Metaphor, para fins didáticos, podem ser vistos como um sistema de classes. Cada linhagem tem seu playstyle diferente e habilidades centradas para funções específicas, como por exemplo curar aliados ou fazer o inimigo focarem em você. O diferencial de Metaphor para outros JRPGs é que, como Persona, seu nível de amizade com certos personagens permite a utilização de novos arquétipos de certa linhagem e vale lembrar que você pode transferir a habilidade de um arquétipo para outro, podendo fazer combinações poderosas de golpes e passivas.

História

O protagonista canonicamente chamado de Pedro na versão PT-BR, junto da fada Gallica estão em uma jornada para salvar o príncipe de sua maldição. Pedro não tem memórias do seu passado, apenas da sua missão para livrar o príncipe de sua maldição. A questão é que coisas estranhas estão acontecendo na capital, o rei foi morto e figuras importantes e poderosas querem tirar proveito disso, ao que tudo indica o assassino do rei pode ser o culpado pela maldição também.

Após a morte do rei, uma magia poderosa é invocada, dando início a uma eleição para encontrar o novo rei, nosso protagonista acaba entrando na corrida eleitoral em nome do príncipe com o objetivo de se aproximar do possível culpado, Louis. Dentre os candidatos mais populares, temos inicialmente um contexto polarizado pelos apoiadores de Louis e Forden (líder da igreja de maior relevância política no jogo), mas vários candidatos aparecem para tentar a sorte e ganhar a confiança do povo. Se da início a corrida eleitoral e uma série de desafios é dada para que os candidatos mostrem seu valor, servindo a nível de gameplay como metas com prazos a serem compridas, assegurando que você prossiga com a narrativa.

Durante sua jornada, Pedro encontra vários aliados e possíveis novos amigos que podem ajuda-lo na disputa pela coroa. Dentre eles temos como destaque inicialmente: Strohl, um nobre que teve sua terra devastada por um Humano e Hulkenberg, uma cavaleira que era responsável pela segurança do príncipe. Sua party continua crescendo durante toda a jogatina, eu mesmo não esperava que os 2 últimos membros seriam personagens jogáveis, garanto que será uma surpresa extremamente agradável.

Infelizmente qualquer detalhe além disso pode ser um spoiler, Metaphor: Refantazio é lotado de reviravoltas, revelações e surpresas, então priorize joga-lo sabendo o mínimo possível sobre sua narrativa. Totalizando algo em torno de 70 horas e 4 meses dentro do jogo, Metaphor sustenta uma narrativa cativante com personagens repletos de carisma e com “social links” excelentes, sendo ao meu ver o trabalho mais consistente da Atlus até o momento.

Vale lembrar que o jogo não só usa um contexto político como pontapé inicial para narrativa, mas o jogo em si também é bastante politizado, abordando pesado principalmente em questões referentes a xenofobia, racismo e problemas provenientes da desigualdade social. A trama de diversos personagens gira em torno de coisas como o debate sobre privilégios, rejeição e dificuldades por ser diferente, revolução das classes baixas, como um líder pode e deve agir e etc…”Ah, o jogo é woke então?” Apenas se você for um boçal.

Metaphor aborda política, mas não com uma visão deprimente e pessimista, muito pelo contrario na verdade. O jogo é bem explícito no discurso que ele quer passar, mas felizmente não é expositivo a ponto de ofender a capacidade intelectual do jogador. Metaphor em diversos momento fala sobre uma fantasia, uma utopia onde todos são tratados como igual mesmo com suas diferenças, um mundo onde todos tem seus direitos atendidos e conforme vamos aprendendo mais sobre essa utopia retratada no livro de Pedro, podemos fazer alguns paralelos interessantes com a nossa realidade.

Combate

Apesar de extremamente parecido com Persona, Metaphor tem suas individualidades a nível de gameplay, tendo como maior destaque o combate “híbrido”. Antes de dar início ao confronto com algum inimigo, você pode bater nele em combate livre para stuna-los e ganhar vantagem no começo do combate de turnos. Quando o inimigo é fraco em relação ao personagem, ele morrerá instantaneamente no combate livre, assim te poupando de entrar em uma batalha já ganha e otimizando o grind.

Sobre o combate de turnos em Metaphor, não tem muito a ser elaborado, é praticamente a mesma coisa que Persona, com acréscimo de um golpe especial que combina dois ou mais arquétipos, também consumindo ícones a mais de turno. Para os que não estão familiarizados, basicamente o combate de turnos se baseia no abuso de fraquezas, ao acertar um golpe com uma fraqueza do inimigo, você da dano extra e ganha mais um ícone de turno, mas acertar resistências ou errar o ataque te faz perder ícones de turno, o mesmo vale para o inimigo. Você pode deixar o boneco na defensiva e evitar que o inimigo ganhe turnos, além de poder trocar algum membro da party durante o combate.

Ambientação e administração de tempo

O mundo de Metaphor é fantasioso, repleto de paisagens belas e peculiares, ao mesmo tempo que tem cenários melancólicos devastados pela guerra e preconceito. Eucronia é um lugar repleto de lugares interessantes e, felizmente, podemos ter uma visão razoável do continente, uma vez que a narrativa do jogo segue uma estrutura de jornada. Boa parte das dungeons são opcionais, mas é bem provável que você explore todos, uma vez que é necessário “esperar” até uma data específica dentro do jogo para progredir.

O mundo de Metaphor é acompanhado de músicas fenomenais, seguindo o padrão de qualidade de Shoji Meguro, conhecido por compor as músicas de Persona. A direção de arte também despensa comentários, tendo um cel shading estilizado com algumas texturas simulando efeitos de rabiscos feito a mão. Contudo, os gráficos de Metaphor se sustentam majoritariamente na questão artística, muitas texturas parecem massinha e objetos distantes tem artefatos gráficos estranhos, isso é facilmente perceptível em escadas e lugares com linhas paralelas.

Referente a calendário, em Metaphor a semana tem cinco dias e aos fins de semana lojistas oferecem descontos em suas lojas. O ciclo de dia no jogo permite você fazer duas atividades que consumam tempo, mas explorar dungeons fará você dormir direto ao retornar, tendo como justificativa que o grupo está cansado. As missões com prazo de tempo são bem fáceis e é mais provável que você as perca por falta de atenção do que falta de tempo em si, Metaphor é facilmente o jogo com administração de tempo mais amigável da Atlus.

Ainda sobre tempo, as principais formas de consumi-lo são:

  • viajar
  • ler livros
  • passar tempo com aliados
  • evoluir vínculo com aliado
  • participar de debates

Um problema referente a mecânica de tempo é que, quando muito bem administrado, o jogador pode se encontrar tendo vários dias sem nada para fazer, assim sendo obrigado a dormir e “jogar fora o dia”. Eu cheguei na reta final com tudo no máximo e fiquei entre quinze e vinte dias apenas dormindo para forçar o evento final do jogo, uma vez que o jogo não tem uma opção de pular para um dia específico ou coisa do tipo.

Conclusão

Não é todo dia que sai um jogo tão bom quanto Metaphor, ele é atualmente meu jogo favorito da Atlus, eles escrevem histórias maravilhosas quando não estão ocupados sexualizando adolescentes. A campanha é LOTADA de reviravoltas e é cativante do começo ao fim, apresentando apenas problemas de pacing em certos momentos, deixando a jogatina um pouco cansativa a longo prazo. Louis é um ótimo antagonista, seus planos e motivações são muito bem desenvolvidos, isso somado com o debate que o jogo faz sobre o conceito de utopia e injustiças do mundo através de seus personagens tornam Metaphor memorável.

Além de ter uma narrativa muito boa e densa, Metaphor também conta com momentos mais cômicos e aconchegantes, sendo bem dosados durante a campanha para aliviar as tensões e abordar outras subtramas. Falando em subtramas, Metaphor foi o primeiro jogo com sistema de vínculo de amizade que eu amei todos os arcos de personagem, é bizarro como todo mundo nesse jogo tem um drama pessoal interessante para ser exposto. Dentre eles tenho como destaque Brigitta, Catherina e Alonzo, não perca esses por nada.

Excelente narrativa, personagens carismáticos e cativantes, ótima trilha sonora, combate divertido com grind amigável. por pouco Metaphor não é um jogo perfeito. Infelizmente a inconsistência de algumas texturas somada dos artefatos gráficos, quebravam um pouco da “magia” dos cenários e, como citado anteriormente, o ritmo é mal administrado em alguns pontos do jogo. Tem um momento na campanha que dura aproximadamente 3 horas ininterruptas, onde ocorre uns 3 plot twists em sequência, o que era para ser épico e inesperado acabou sendo também exaustivo; mas mesmo com esses detalhes triviais é seguro afirmar que Metaphor:Refantazio é uma jogatina essencial para fãs de JRPG.

Metaphor: ReFantazio está disponível para PS4, PS5, Xbox Series X|S e PC. Confira o site oficial para mais informações.

A cópia usada para criação desta análise foi disponibilizada pela nossa patrocinadora Nuuvem. Compre Metaphor: Refantazio e vários outros jogos com os melhores descontos na Nuuvem!

Caso tenha interesse, também fizemos um guia sobre como coletar todos os besouro de ouro em Metaphor. Além disso, um guia de conquistas será lançado em breve!


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