Entre diversas controvérsias, o novo título da franquia Call of Duty finalmente está entre nós. Black Ops 7 chega ao mercado em meio a um lançamento conturbado, cercado por polêmicas e expectativas. Nesta análise, vamos abordar a campanha e suas complicações, o multijogador e suas próprias polêmicas, além deste novo capítulo do modo Zumbis, que promete bastante.
Campanha
A história de Black Ops 7 se passa dez anos após os eventos de Black Ops 2 e quarenta e quatro anos depois de Black Ops 6, aproveitando poucos elementos do segundo jogo e funcionando muito mais como uma continuação direta do sexto título. Aqui, voltamos à pele do clássico protagonista de Black Ops 2, David “Section” Mason. Após os acontecimentos de Black Ops 2, David é forçado a confrontar seu passado quando Raul Menendez — morto por ele dez anos antes — faz um misterioso retorno. A narrativa nos leva de volta a Avalon, onde avançamos em busca de respostas sobre o enigma por trás da volta de Menendez, sua conexão com a Guilda e os conflitos que assolam a região.
História
Black Ops 7 apresenta uma narrativa fraca e pouco envolvente, marcada por personagens sem carisma e um antagonista sem impacto. O vilão até possui um visual interessante, mas sua participação é limitada e sua motivação é rasa, tornando-o mais um elemento decorativo do que uma verdadeira força narrativa. Como continuação direta dos eventos de Black Ops 6, o jogo traz apenas algumas referências discretas a Black Ops 2, o que acaba sendo decepcionante — especialmente considerando o peso e o legado do segundo título.
Os personagens que retornam não acrescentam profundidade à trama e, muitas vezes, enfraquecem o que tornava a campanha de Black Ops 2 tão especial, como seu sistema de escolhas, consequências e múltiplos finais. Ao invés de expandir essas ideias, Black Ops 7 parece ignorá-las, entregando uma história linear e previsível.
O retorno de figuras como Menendez e David soa mais como um fanservice gratuito do que como elementos realmente relevantes ao enredo. Menendez quase não influencia os acontecimentos e participa muito pouco, enquanto a nova vilã carece de motivações claras, transmitindo a sensação de ser apenas mais um antagonista genérico que deseja poder e caos sem justificativa convincente. O que Black Ops 6 tinha de intrigante — os mistérios envolvendo a CIA, o Panteão e toda a rede conspiratória — se perde aqui. A Guilda, introduzida no novo jogo, é desinteressante e não consegue sustentar o peso que deveria ter dentro da narrativa.
Além disso, Black Ops 7 adota uma premissa estranha em diversos trechos, transportando os personagens para cenários irreais e caóticos, onde coisas acontecem simplesmente por acontecer: criaturas dignas de um Resident Evil aparecem somente para chocar e acabam destoando demais do que são as campanhas de Call of Duty; monstros do modo Zumbis surgem como inimigos apenas “porque sim”; e missões icônicas de jogos anteriores são revisitadas de forma desconexa. Esses momentos, ao invés de trazer nostalgia ou enriquecer o enredo, parecem deslocados e sem propósito, contribuindo pouco ou nada para a história.
De forma geral, Black Ops 7 entrega uma narrativa frágil, pouco inspirada e que não faz jus ao legado da subfranquia Black Ops. Assim como Modern Warfare III decepcionou dentro da série Modern Warfare, Black Ops 7 repete esse tropeço dentro de sua própria linha, falhando em capturar o impacto e a identidade que tornaram seus antecessores tão marcantes.
Gameplay
A jogabilidade da campanha é um dos pontos mais curiosos desta nova entrada da subfranquia Black Ops. Há uma boa variedade de habilidades que, de fato, agregam à experiência, com destaque para o wingsuit, que facilita a locomoção pelo mapa. O jogo também introduz um sistema de raridade de armas e melhorias de personagem que avançam conforme progredimos na história.
À primeira vista, esse sistema de raridade pode assustar, dando a impressão de que o jogo tende para um looter shooter — mas não é o caso. A mecânica é simples: a cada missão concluída, recebemos uma melhoria ligada à arma que escolhemos. A partir daí, todas as armas encontradas nas missões subsequentes já vêm com essa melhoria aplicada. Essas armas continuam sendo obtidas como nos títulos anteriores — em casas, salas escondidas, caixas, inimigos abatidos e outros pontos do cenário.
Metade das missões ocorre em um mapa que lembra um mundo aberto: amplo, variado e visualmente impressionante. Avalon é um cenário versátil e interessante, provavelmente servindo de base para um futuro mapa de Warzone e também para o conteúdo pós-jogo, sobre o qual falaremos mais adiante.
O problema é que, embora o cenário seja atraente, as missões em si não entregam muito. A maioria delas é simples, repetitiva e remete diretamente ao estilo das missões de combate aberto de Modern Warfare III — e não de um jeito positivo. Elas raramente empolgam e, em alguns casos, chegam a ser pouco divertidas. Há uma exceção notável envolvendo o retorno a um certo iate, mas fora isso, as missões carecem de impacto.
Quando entramos nos segmentos baseados nas alucinações dos personagens, a situação se complica ainda mais: essas partes são dispersas, desconexas e acabam prejudicando o ritmo e o envolvimento da campanha.
Cooperativo e Pós-jogo
O modo cooperativo acaba sendo um dos poucos elementos que realmente ajudam a tornar a campanha mais agradável. Apesar dos pontos negativos mencionados anteriormente, jogar acompanhado torna a experiência consideravelmente mais tolerável — e, em muitos momentos, até divertida. Com suporte para até quatro jogadores, a campanha ganha uma dinâmica mais leve e caótica, suavizando parte dos problemas de ritmo e variedade que ela apresenta.
O pós-jogo da campanha de Black Ops 7, há muito tempo especulado como uma experiência no estilo extraction shooter, teve suas informações confirmadas pouco antes do lançamento. No fim, o que recebemos é essencialmente o DMZ da Treyarch — praticamente o mesmo formato já conhecido, apenas expandido com mais conteúdo para jogar e elementos narrativos adicionais. A estrutura é muito semelhante à evolução do DMZ para o MWZ.
Maluquices
Chegamos ao ponto mais controverso desta campanha: as sequências de alucinação. Em diversos momentos, os personagens são expostos a um alucinógeno que os transporta para cenários distorcidos, irreais e completamente caóticos. Nesses trechos, qualquer tipo de maluquice pode acontecer — desde deformações na jogabilidade até inimigos e chefes que parecem ter sido retirados diretamente de um Resident Evil.
A Raven e a Treyarch vêm experimentando com essa ideia desde Black Ops Cold War, onde somos transportados para a mente do protagonista em momentos específicos. Ali, as sequências eram exageradas, mas funcionavam dentro do contexto: eram sonhos, memórias distorcidas, delírios — e nada disso comprometia a essência de Call of Duty. Em Black Ops 6, esse conceito retornou em duas missões distintas: em uma, o protagonista inala um gás alucinógeno e vive uma série de delírios ambíguos; na outra, somos levados novamente para dentro da psique do personagem, com devaneios visuais e situações surreais. Mesmo assim, havia exageros, mas nada que rompesse completamente o tom da campanha.
Em Black Ops 7, porém, a Raven e a Treyarch parecem ter perdido o controle dessa proposta. Aqui, as alucinações são coletivas, extremamente exageradas e completamente desconectadas do restante da franquia. Os personagens são transportados para lugares sem lógica interna, enfrentam criaturas absurdas e testemunham situações que destoam tanto da identidade da série que, por momentos, parece que estamos jogando qualquer coisa — menos uma campanha de Call of Duty.
E o problema se agrava porque essas sequências não são apenas visuais: elas impactam diretamente a história e até afetam os personagens, fazendo com que deliríos explícitos se misturem com a narrativa principal. O resultado é uma experiência que perde coesão e afeta até a imersão do jogador.
Desde Black Ops Cold War, é evidente que os estúdios querem explorar a psique dos personagens e introduzir elementos mais experimentais na narrativa. Mas, em Black Ops 7, essa linha foi ultrapassada. Mesmo considerando que, desde a criação do Warzone, as histórias dos jogos vêm sendo integradas — e que o modo Zumbis mantém conexões cada vez mais explícitas com as campanhas —, as missões alucinadas de Black Ops 7 acabam prejudicando a experiência. Chefes que parecem sair de um Resident Evil ou outras franquias como God of War, e situações sem sentido tornam tudo inconsistente e desconectado do que se espera de um Black Ops.
Conclusão
Black Ops 7 apresenta uma campanha fraca, uma história desinteressante e frequentemente sem nexo, com poucos momentos realmente empolgantes. No fim, o que acaba salvando minimamente a experiência é a possibilidade de jogar em cooperativo com amigos — sem isso, a campanha se torna facilmente uma das mais decepcionantes da franquia, ficando abaixo até mesmo de Modern Warfare III.
Multiplayer
Black Ops 7 carregava a difícil responsabilidade de corrigir a série de problemas deixados por seu antecessor, Black Ops 6 — especialmente no que diz respeito à jogabilidade acelerada e ao design de mapas pouco inspirados, que favoreciam um ritmo caótico semelhante a Shipment e modos de enfrentamento. A combinação de mapas mal planejados com um loop de gameplay excessivamente rápido tornava a experiência cansativa e frustrante.
Com Black Ops 7, a Treyarch chega com a missão clara de superar essas falhas, e, felizmente, consegue entregar melhorias notáveis. Desde a fase beta já era possível perceber o esforço do estúdio em ouvir críticas e ajustar o que havia dado errado. O ritmo de jogo diminuiu — sem perder a identidade tradicional da franquia — e o design dos mapas foi amplamente retrabalhado, remetendo aos clássicos e mais icônicos Call of Duty.
O jogo chega ao lançamento com 17 mapas, sendo quatro deles remasterizações de Black Ops 2, todos com um tamanho equilibrado e uma estrutura bem planejada, o que torna o fluxo das partidas mais agradável, estratégico e menos caótico.
Os modos clássicos da franquia retornam em peso, com outros prometidos ao longo das temporadas. Entre as novidades, destaca-se o novo modo “Sobrecarga”, que amplia ainda mais a variedade do multijogador.
Durante o período da beta e, principalmente, nas semanas que antecederam o lançamento, fomos informados sobre diversas mudanças e ajustes que a Treyarch estava implementando para refinar a experiência.
- redução do SBMM, tornando os lobbies mais variados e menos engessados;
- lobbies persistentes, que retornam após as partidas;
- ajustes importantes na gameplay, como a diminuição do aim assist agressivo;
- mudanças na movimentação, deixando-a mais equilibrada entre fluidez e controle.
O resultado é um multijogador muito mais sólido, divertido e fiel ao que os fãs esperam — superando com folga os problemas de Black Ops 6.
Zombies
Zumbis da Treyarch vem passando por altos e baixos desde a conclusão da história do Aether em Black Ops 4. Depois de um desempenho sólido em Cold War — com mapas tradicionais bem construídos e a interessante adição do modo Epidemia, que mostrou potencial ao expandir a fórmula clássica — a franquia sofreu com o tenebroso modo Zumbis de Vanguard, cuja única qualidade minimamente aceitável foi a remasterização de Shi No Numa. Na sequência, MWZ apresentou uma evolução direta do DMZ de Modern Warfare II, unificando sua estrutura com elementos de Zumbis, resultando em uma experiência híbrida que, apesar das limitações, trouxe ideias promissoras.
Com Black Ops 6, surgia mais uma promessa de revitalização completa. E, de fato, o modo Zumbis deu um passo importante ao introduzir novas mecânicas, mapas diversificados e interessantes, cada um trazendo suas particularidades. Além disso, os tradicionais grandes Easter Eggs — marca registrada do modo — retornaram com força.
Black Ops 7 chega para refinar o que Black Ops 6 havia estabelecido, respondendo às críticas e solicitações da comunidade, especialmente no que diz respeito a elementos de jogabilidade e ajustes na HUD.
Com o retorno dos personagens clássicos que acompanhamos desde World at War e dando continuidade à história iniciada em Black Ops 6, Ashes of the Damned surge como o novo capítulo dessa narrativa. Ele estabelece as bases para um futuro promissor do modo, algo que só saberemos se irá se concretizar ao longo das próximas temporadas.
Vale apena?
Para avaliar se um Call of Duty é bom, ruim ou apenas mediano — e se realmente vale a recomendação — é essencial considerar tanto o que o jogador procura quanto o que o jogo oferece. A franquia sempre se estruturou em três pilares principais, cada um voltado para públicos com interesses diferentes: a experiência single player da campanha, o modo multijogador e o modo cooperativo — que, neste caso, é representado pelo modo Zumbis.
Em Black Ops 7, esses três pilares apresentam qualidades bem distintas. A campanha é, sem dúvida, o ponto mais fraco, marcada por uma narrativa desinteressante e escolhas questionáveis de direção. Por outro lado, o multijogador surge como uma das melhores experiências da série em anos, e o modo Zumbis mantém — e até amplia — a qualidade do título anterior.
Portanto, se o seu foco está exclusivamente na campanha, é difícil recomendar Black Ops 7. Contudo, se o objetivo é aproveitar o multijogador ou se divertir no modo Zumbis, o jogo entrega uma experiência sólida, divertida e que vale o tempo investido.
No fim das contas, a recomendação depende diretamente do que você está buscando. Considerando o preço elevado de R$ 350 em todas as plataformas — mesmo com o jogo disponível no Game Pass — é importante ponderar seu interesse antes de decidir. De maneira geral, apesar dos pesares, Black Ops 7 acaba sendo uma experiência recomendável para quem mira os modos certos.
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