Atelier Ryza foi meu primeiro contato com a franquia, cheguei a testar a demonstração do Atelier Yumia, mas “demo não conta”. Partindo da perspectiva de turista que tenho com a franquia, achei Atelier Ryza um jogo bem singular dentro do meio de JRPGs, pois ele segue uma abordagem casual e despretensiosa em boa parte de sua narrativa, focando mais em uma sensação aconchegante do que em algo épico.
Narrativa
Ryza é uma jovem de 16 anos com um desejo ardente de viver aventuras emocionantes, contudo, ela vive em uma pequena vila que tem uma visão bem negligente sobre esse tipo de desejo, tal qual muitas cidades interioranas da vida real. Após descobrir a existência da alquimia, Ryza decide aprender tudo sobre a síntese de itens e materiais para se tornar uma alquimista de respeito e ajudar as pessoas da cidade. Sendo algo completamente novo e, de certa forma, tabu dentro da vila, Ryza tem que enfrentar a barreira do preconceito e desdém dos moradores para provar que a alquimia pode sim melhorar a vida delas.
Atelier Ryza tem uma narrativa bem crível, ser diferente em um ambiente homogêneo é repleto de barreiras e o jogo demonstra bem [apesar de não se aprofundar muito] isso através da jornada de Ryza por respeito e validação como alquimista. No decorrer da campanha, surgem reviravoltas e após um ‘incidente’ na cidade, acabamos desenterrando verdades de um passado que foi apagado por muito tempo. O terceiro ato do jogo inteiro gira em torno do grupo de amigos investigando essas descobertas enquanto buscam novos materiais para que Ryza faça novas sínteses via alquimia.
Uma coisa que eu adorei neste jogo é seu ritmo e a forma que a narrativa escala, é tudo muito orgânico e remete bastante ao gênero de anime slice of life. Os personagens são adolescentes e por conta disso, muitas vezes ingênuos e descuidados, mas no decorrer do jogo percebe-se o amadurecimento e crescimento deles como pessoas. Além disso, o jogo da bastante foco no mundano, mostrando bastante a relação de Ryza com a alquimia e a forma que ela vai lentamente aprendendo mais, consequentemente ganhando o respeito da vila.
Para os que estão pé atrás com esse aspecto mais pé no chão de Atelier, o terceiro ato do jogo até que escala para algo mais “grandioso”, mas ainda sim sem fugir do escopo que o jogo se propõe, não espere algo nível Tales of ou Final Fantasy nesse sentido. O foco da franquia Atelier é entregar uma experiência relaxante e ela faz isso com excelência, resultando em algo bem autoral e competente. Além disso, o elenco de personagens é bem interessante e da brecha para expor e explorar outros dramas e desafios atrelados com o processo de amadurecimento.
Gameplay
Atelier Ryza tem um ênfase grande no craft de itens via alquimia, todo o loop de gameplay gira em torno disso e o combate acaba ficando como algo secundário, um mero agregado do sistema de alquimia. Mesmo sendo indiretamente complementares um ao outro, o combate e alquimia de Atelier Ryza serão abordados separadamente para facilitar o entendimento..
Combate
Nós não temos turnos propriamente dito em Atelier Ryza, todo personagem pode fazer uma ação após certo intervalo de tempo, esse tempo pode ser manipulado pelo status de agilidade, buffs e algumas magias específicas. Tanto nós quanto o inimigo temos uma barra de ‘resistência” que vai se perdendo conforme tomamos dano, ao ser zerada o boneco fica stunado, assim deixando-o enfraquecido e com um intervalo de tempo muito maior para a próxima ação. Inimigos podem canalizar golpes poderosos, ao fazer isso nós podemos sincronizar golpes em cadeia com nosso time para atordoar o monstro e cancelar o golpe especial (que quase sempre da hit kill).
Outra mecânica chave do combate em Atelier Ryza são os tokens de ação (AP), ele é basicamente um substituto da mana. Todo ataque gera 1 token, ao acumular certa quantia, podemos gastar tudo para melhorar o tier da equipe, garantindo ataques a mais por ação e alguns bônus em certas magias, esse rank pode chegar até o nível 5 e perdemos 1 nível toda vez que um aliado morre ou é atordoado. Magias e golpes especiais ganham melhorias com base no rank e seu uso consome tokens, então temos de escolher entre melhorar o rank ou usar golpes poderosos, atentando-se em garantir pontos suficientes para evitar ataques canalizados.
Alquimia
Sintetizar itens parece chato e confuso no primeiro contato, mas, para minha surpresa, quando você entende as mecânicas e desbloqueia bons materiais, criar itens se torna extremamente satisfatório. Os itens do jogo tem tipo, elemento e nível de qualidade atribuído a eles, as sínteses pedem recursos de tipo X [ou algum recurso específico] e garantem bônus passivos caso você tenha o tipo com o atributo de elemento correto com qualidade alta. Criar itens se torna um grande quebra-cabeça, onde visamos extrair o máximo de bônus possíveis com uma quantia limitada de itens que podemos usar por síntese.
Conforme progredimos e vamos melhorando o Atelier, as coisas vão ficando mais fáceis e com comodidades, mas é muito gratificante encontrar um recurso de qualidade alta independente dos meios.
Conclusão
Atelier Ryza é um ótimo JRPG, tendo uma abordagem bem diferente e entregando uma experiência praticamente terapêutica. A nova versão DX, além de incluir todas as DLCs por um preço mais acessível, também oferece novos personagens e segmentos da campanha. Infelizmente, a versão DX, tal qual o jogo original, não recebeu localização BR.
Os únicos problemas que encontrei em Atelier Ryza foram referente as animações e loading. Por algum motivo, mesmo com um bom SSD, trocar de áreas sempre te joga em uma tela de carregamento que dura facilmente 20 segundos para mais. Referente as animações, durante o combate elas são ok até, mas as animações da Ryza andando e a das cinemáticas são bem ruins.
A trilogia Atelier Ryza dx pode ser comprada como um bundle (~512,00 R$) ou individualmente(200,00 R$ cada) no PC via Steam, Playstation 4 e 5; Nintendo Switch 1 e 2.
Confira o trailer da trilogia Atelier Ryza DX
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