Página Inicial Análises Análise de Dragon’s Dogma 2: ótimo, mas digno de desprezo com lançamento vergonhoso

Análise de Dragon’s Dogma 2: ótimo, mas digno de desprezo com lançamento vergonhoso

por Franklin Magno
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Você deve estar se perguntando como que um jogo pode ser ótimo e ao mesmo tempo digno de desprezo? Pois bem, a culpa é mais uma vez da prática da indústria de lançar um jogo com problemas de desempenho, ao invés de adiar por alguns meses e ser transparente com os jogadores fãs do primeiro jogo.

Portanto, por mais que eu adore o primeiro jogo, não consigo em sã consciência recomendar Dragon’s Dogma 2 por ora, mesmo tendo recebido a cópia de jogo para criação desta análise e gostado bastante da sequência, principalmente pela reta final de jogo.

Sim, eu adorei Dragon’s Dogma 2. Recomendo? No momento, não, mas vou te contando meus motivos para tal decisão, além, é claro, dos motivos pelos quais me fizeram gostar bastante do jogo em si.

Desempenho de Dragon’s Dogma 2: é melhor esperar possivelmente alguns meses

Vamos começar pela principal razão de descontentamento meu e de muitos outros jogadores.

Você já deve saber que o desempenho de Dragon’s Dogma 2 está terrível, certo? Estava pior na primeira semana de lançamento. Sei que talvez esteja pensando em comprar no console, então saiba que joguei Dragon’s Dogma 2 no PC. Neste caso, veja como é o desempenho do jogo na sua plataforma e decida se vale a pena. Pelo que vi, está um caos pra todo mundo.

Imagina só um jogo custar no mínimo R$ 300 (no PC) e não conseguir te entregar uma experiência maravilhosa, com desempenho digno, pra começo de conversa? Pois bem, este é Dragon’s Dogma 2. Jogo algum vale esse preço, sempre abordei isso, MAS entendo que o dinheiro é seu.

Quer saber o nível do desempenho?

Eu comprei um PC novo recentemente – não necessariamente para este jogo, mas sim um upgrade necessário – e esse PC sequer consegue segurar 60 FPS em 1440p com gráficos no alto e sem uso de ray tracing de sombra patético e da muleta chamada DLSS, que por sinal é tenebroso neste jogo. Tiveram que atualizar o jogo pra corrigir e mesmo assim a sombra fica horrível, perde muito detalhe no geral. O PC tem uma 4070 Super + Ryzen 5 7600 + 32 GB de RAM e sofreu. E olha que acho o jogo bonito, realmente bonito, diferente do que dizem.

Um amigo com a RX 7600 não conseguiu jogar este jogo no lançamento, em 1080p, mesmo colocando TUDO no LOW, já que o jogo por si só não tava nem usando placa e CPU praticamente. Foi preciso esperar o patch do dia 29 de março pra então começar a jogá-lo. Mas o uso altíssimo de CPU durante as cidades é terrível, ao ponto dele ter uma experiência agora de cerca de 75 FPS no mundo aberto para a casa dos 25 FPS nas cidades. E segundo as notas de patch da Capcom, isso não será corrigido em breve. É claro.

E isso piora, acredite, quando você embarca na reta final de Dragon’s Dogma 2, com a taxa de quadros na casa dos 40 oscilando pra 30 durante alguns combates, mesmo em cidades ou mundo aberto, não importava. E tem momentos que o jogo simplesmente engasgava pra casa dos 5 FPS, tendo que, duas vezes, reiniciar o PC pra parar de travar.

Além disso, sabemos o quão bom são os desempenhos dos jogos da Capcom com Denuvo. E pelo que vi sobre, parece que há Enigma incluso. Sabe, o DRM pra impedir mods de peitudas/bundudas nos jogos que não serve pra nada a não ser prejudicar performance, até em jogos antigos? Pois é.

Somente essa otimização já é motivo suficiente para recomendar que você espere meses, pois duvido que vão corrigir isso tão cedo. Se corrigirem.

Microtransações e outras bizarrices

Outro motivo bem triste é a prática da Capcom de inserir desnecessariamente DLCs em um jogo que já custa o olho da cara. É vergonhoso e patético. E antes que fale “ai, mas tem no jogo”, eu pergunto: ainda que tenha no jogo, essa prática precisa ser aceita?

Começa que a venda de Cristais da Fenda em Dragon’s Dogma 2 é ridícula e submeter-se a isso dá brecha para continuarem adicionando mais meios de ganhar em cima. Além disso, o ganho de CF, os Cristais de Fenda, é bem pouco inicialmente. E por mais que seu ganho maior seja mais a frente, lembre-se que edição de personagem depende disso.

Tanto que a edição de personagem é vendida como DLC e de início deixaram que jogadores comprassem dentro do jogo no máximo 2 desses itens na loja dos Peões usando Cristais de Fenda, pra então sair update corrigindo isso pra uso máximo de 99 itens na loja.

A venda de Vitalita é outra coisa forçada. Quer saber por quê?

Quando você morre, pode usá-la e voltar com a vida cheia. Também pode usá-la em NPCs que morrem e, após certo tempo, vão ao Necrotério ou Cemitério de uma das capitais do jogo. Mas o ponto chave é que quando você morre, se não for em batalhas-chave, sua barra de vida diminui cada vez mais a cada carregamento de jogo. Essa dificuldade artificial me fez voltar frustrado ao acampamento pra recuperar a barra de vida, tendo que fazer uma longa caminhada de volta pra luta.

E não para por aí, o que dizer do Cristalporto vendido por R$ 16 (Steam)? Você precisa desse Cristal para teleportar para pontos específicos fixos ou posicionados por você. O tutorial do jogo fala que há em vilarejos e cidades, mas na realidade são 2 fixos pelo mapa todo, sequer deram ao trabalho de posicionar mais. Somente a partir da reta final do jogo que desbloqueiam mais, só que durante esse período, você precisar correr contra o tempo. Assim fica complicadíssimo apoiar tamanha decisão.

Portanto, você é forçado a achar algum Cristalporto ou até mesmo comprar mais na frente do jogo com uso de Cristais de Serserpe, que são bem raros e obtidos a partir de Dragões. No fim do dia, você pode posicionar até 10 desses Cristais pelo mapa.

E uma das coisas mais patéticas, o jogo não tinha uma opção de novo jogo após criar personagem. Teve gente que criou personagem super rápido e pulou diálogos pra avançar o mais rápido possível e ver como tava o desempenho. Aí na hora de querer recomeçar, vê lá se tinha a opção? Claro que não!

E se você gerisse o save manualmente de Dragon’s Dogma 2, indo na pasta e deletando os arquivos, se passasse de cinco modificações, o Denuvo te barrava por 24 horas. Essa opção só foi adicionada semana depois, e ainda tudo precisa ser do menu inicial, sequer dentro do jogo, mesmo considerando que você queira carregar jogo do checkpoint anterior.

Caso não conheça, Denuvo é uma DRM de proteção contra pirataria, que, acredite ou não, já vi dar bastante problema.

Dificuldade

Dragon’s Dogma 2 fez ao contrário do primeiro lançamento de Dragon’s Dogma há mais de dez anos. A dificuldade de Dragon’s Dogma 2 é quase inexistente por não te oferecer opções.

É complicado não ver uma opção de dificuldade ao iniciar o jogo, até porque quando você termina o jogo e inicia o NG+, além de outras razões, a ausência de dificuldade maior não faz querer continuar jogando Dragon’s Dogma 2, algo completamente diferente do primeiro, que joguei definitivamente pela primeira vez na sua versão Dark Arisen, há 10 anos, no Xbox 360, algo que me permitiu terminar e iniciar um novo jogo na dificuldade hard, trazendo um novo nível de desafio.

Combate e inimigos

O combate é maravilhoso. Iniciei com a classe de combatente e depois fui pra guerreiro e fiquei nessa. No começo, estranhei, mas com o tempo melhorou. Tem desafio e inimigos suficientes, com muito mais uso de cenário, e a party com o uso mais variado possível de classes permite combates mais dinâmicos.

Além disso, o desbloqueio de novas classes se dá ao fator exploração na maior parte do tempo, o que é muito bom.

Para te dar uma visão geral de como funciona, ao menos com a classe guerreiro, confira o vídeo abaixo, que aborda o combate do jogo contra alguns dos inimigos do jogo.

Quanto aos inimigos, se somar, não são muitos. O maior problema é a excessiva reciclagem com variações. Chega a ser triste.

História

A história de Dragon’s Dogma 2 é ótima, mesmo que eu prefira bem mais a do primeiro, talvez especificamente pelo fator NG+, que tem um papel bem mais importante pra você querer rejogar. A campanha é curta, fica bem nítido quando você analisa a insistência do sistema de viagem rápida em te segurar pelo mapa, mas alinhada a ela estão as secundárias e a exploração, o que ajuda com o tempo de jogo final.

Além disso, as missões são, na maioria das vezes, excelentes. E algumas outras possuem interações bem estranhas. O lado bom é que ficam escancaradas e marcadas pelo mapa, exceto, é claro, as relacionadas à campanha. Os eventos surgem de acordo com sua exploração pelo mundo.

Quem precisa de algo vai surgindo de acordo com suas idas e vindas pelos acampamentos e cidades. E é normal que algumas de suas missões fiquem como interrompidas de acordo com seu avanço, caso esqueça de alguma missão, principalmente aquelas de tempo limitado.

O recomendado é fazer o máximo possível de missões durante sua primeira jornada em Dragon’s Dogma 2, pois é bem certo que você não terá interesse em rejogar com o conteúdo atual. Considere também o perído em que está lendo esta análise, afinal, é bem possível que o jogo receba novos conteúdos e isso mude, principalmente com expansão paga.

Além disso, à pedido da Capcom, não posso abordar algumas partes da história do jogo, afinal, esse é um dos fatores mais importantes. Mas saiba que a reta final do jogo é incrível, com bastante ação! E embora tire bastante a oportunidade do jogador de iniciar um novo jogo, como foi meu caso, o final é bom.

Abaixo você confere as primeiras quatro horas de jogo, caso tenha interesse em saber como é.

Peões, Inteligência Artificial e NPCs

A IA e o sistema dos pawns de Dragon’s Dogma 2, os famigerados peões, estão em um nível que faz jus ao uso, com ajudas em missões, além, é claro, na hora da exploração, que se baseia no quanto o Nascen/Arisen do outro peão tenha explorado e descoberto algo que você ainda não tenha. E o inverso acontece, caso você descubra algo que ele não sabia, esse peão irá ajudar seu mestre.

Na maioria das vezes os peões em Dragon’s Dogma 2 falam a respeito do cenário enquanto explora, do progresso em missões e outros fatores, como boatos e o desequilíbrio da party com excesso da mesma ou ausência de alguma classe. Na maioria das vezes, ajudam; já outras, repetem falas. Nada que vá irritar.

Mas não se preocupe, embora os peões possam te levar a baús que eles saibam da existência por perto, quem decide isso é você.

Além do mais, também há o sistema de reviver NPCs pelo jogo, caso morram durante missões ou confrontos aleatórios. Eu usei uma única vez e foi bem legal ver isso funcionando em Dragon’s Dogma 2.

A programação da Capcom em lidar com diversos NPCs trouxe a um uso altíssimo de CPU principalmente em cidades, já que, de acordo com a desenvolvedora, cada NPC tem sua rotina pra permitir mais imersão, entre outros fatores que precisam ser lidados.

Sinceramente? Isso me cheira mais a marketing. Parece que tentaram algo que nem a CD Projekt Red a respeito de Cyberpunk 2077. No fim, é só uma cidade de um jogo com NPCs sumindo e aparecendo na sua cara mesmo. Quanta imersão, né?

Exploração

A exploração é ótima e continua foco em Dragon’s Dogma 2, do jeito que fãs do primeiro jogo esperam, mas tem horas que as recompensas são horrorosas. Você ganha equipamentos que basicamente vendem em outros lugares, então sua recompensa por explorar é evitar gastar seu ouro. Por isso, é bem broxante ver somente na reta final a chance de então adquirir um item único.

Eu estava literalmente na reta final, com cerca de 60 horas de jogo, portanto já estava bem equipado. Por que não dar ao jogador a chance de ganhar algo único durante a primeira jogatina, por explorar bastante o jogo e completar diversas missões? E não na reta final, com a chance de só comprar mais em outro NG+, que, já abordado antes, não é tão animador quanto ao primeiro jogo, até o momento.

E é por isso que a Esfinge em Dragon’s Dogma 2, por sinal, é um exemplo de como deixaram a desejar muito nesse quesito. Fizeram marketing disso pra no fim dos enigmas as recompensas serem péssimas e broxantes. Eu fiz cinco dos dez enigmas e deixei pra lá. Motivo? É bem broxante ganhar vitalitas como recompensas de enigmas.

Já alinhado ao fator exploração, o mapa de Dragon’s Dogma 2 é bem interligado, mas nada muito grande. Tem seus eventos aleatórios, mas cansa ver tanto goblin. Poderiam ter criado algo mais dinâmico, sem repetir tanto inimigo e permitir um tempo maior ou reposicionar melhor os inimigos pelo mapa.

O sistema de viagem rápida fará com que você enrole bastante, forçando a fazer longas caminhadas com vai e vem pra caramba desnecessárias. Há carroças que interligam o mapa, você pode pagar pela viagem delas na saída ou durante o percurso.

Eu não tenho problema em explorar, mas sim quando o jogo impõe de maneira demasiada demais, afinal, é forçado ao ponto da capital dos furries sequer ter Cristalporto. Esse tipo de coisa é surreal e frustrante em Dragon’s Dogma 2.

Conclusão

É bem simples. Eu realmente gostei de Dragon’s Dogma 2 e poderia recomendá-lo, mas a realidade é essa. São muitas coisas que poderiam ter sido evitadas se os engravatados da Capcom pudessem adiar o jogo por mais alguns meses.

Então, sim, definitivamente sim: esperar é a melhor coisa que você pode fazer no momento. Sério.

Caso contrário, pesquisar desempenho de jogo em hardware idêntico ao seu é fundamental e evitará dores de cabeça. Mas lembre-se que geralmente benchmark no Youtube não vão abordar cenários com desempenho horríveis, que tende acontecer bem mais na reta final de jogo.

Dragon’s Dogma 2 está disponível para PC através da Steam, além dos consoles PlayStation 5 e Xbox Series X|S. Confira o site oficial.

A cópia de Dragon’s Dogma 2 foi cedida pela Capcom. Agradecemos!

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Obrigado por ler!


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